domingo, 26 de junho de 2011

Francisco de Assis


Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como São Francisco de Assis (Assis, 5 de julho 1182 [1]3 de outubro de 1226), foi um frade católico da Itália. Depois de uma juventude irrequieta e mundana, voltou-se para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo. Com o hábito da pregação itinerante, quando os religiosos de seu tempo estavam mais ligados aos mosteiros rurais, e com sua crença de que o Evangelho devia ser seguido à risca, imitando-se a vida de Cristo, desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. Sua atitude foi original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. Alguns estudiosos afirmam que sua visão positiva da natureza e do homem, que impregnou a imaginação de toda a sociedade de sua época, foi uma das forças primeiras que levaram à formação da filosofia da Renascença.[2]

Dante Alighieri disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos ele foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus, mas a despeito do enorme prestígio de que ele desfruta até os dias de hoje nos círculos cristãos, que fez sua vida e mensagem serem envoltas em copioso folclore e darem origem a inumeráveis representações na arte, a pesquisa acadêmica moderna sugere que ainda há muito por elucidar quanto aos aspectos políticos de sua atuação, e que devem ser mais exploradas as conexões desses aspectos com o seu misticismo pessoal. Sua vida é reconstruída a partir de biografias escritas pouco após sua morte e,segundo alguns críticos, essas fontes primitivas ainda estão à espera de edições críticas mais profundas e completas, pois apresentariam contradições factuais e seriam inclinadas a fazerem uma apologia de seu caráter e obras, e assim, deveriam ser analisadas sob uma óptica mais científica e mais isenta de apreciações emocionais do que tem ocorrido até agora, a fim de que sua verdadeira estatura como figura histórica e social, e não apenas religiosa, se esclareça. De qualquer forma, sua posição como um dos grandes santos da Cristandade se firmou quando ele ainda era vivo, e permanece inabalada. Foi canonizado pela Igreja Católica menos de dois anos após falecer, em 1228, e por seu apreço à natureza é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente.[3]
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Assis

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mãe Menininha do Gantois: Iyalorixá brasileira

Mãe Menininha do Gantois: Iyalorixá (mãe-de-santo) brasileira
10/02/1894, Salvador (BA)
13/08/1986, Salvador, (BA)

Escolástica Maria da Conceição Nazaré, filha de Oxum, era do terreiro do Gantois. Considerada a grande mãe-de-santo do Candomblé no Brasil, Menininha do Gantois foi uma grande líder espiritual que ajudou a tornar mais aceita a religião herdada de seus ancestrais africanos.

"Menininha" foi o apelido que a avó deu a menina pobre da periferia de Salvador, que dava aos bonecos improvisados os nomes das divindade do Candomblé: Oxossi, Ogum, Oxum e outros. Além disso, desde pequena gostava de jogar búzios. Era bisneta de Maria Júlia da Conceição Nazaré, que havia fundado, em meados do século 19, o Ilê Iya Omin Axé Iyamassê, mais conhecido como terreiro do Gantois (nome do antigo proprietário francês do terreno).

Sob a orientação das mulheres da família, Menininha foi iniciada nos segredos da religião africana e preparada para o cargo que assumiria no futuro, de ialorixá (mãe-de-santo, na língua ioruba). Menininha trabalhou como costureira e aos 29 anos, casou-se com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, descendente de ingleses, com quem teve duas filhas, Cleusa e Carmem.

Com a morte de sua tia-avó, mãe Pulchéria, segunda ialorixá a governar o Gantois, menininha assumiu a responsabilidade de administrar um dos terreiros mais antigos de Salvador, formar filhos-de-santo e ser a líder espiritual de centenas de pessoas.

Em 1924, prestes a completar 30 anos, Menininha mudou-se para o Gantois junto com o marido e a filha mais velha. A partir de então, passou a ser conhecida como Mãe Menininha do Gantois. Na época enfrentou preconceitos e perseguições e teve que se impor com sabedoria. Segundo a lei, as festas só poderiam ser realizadas em determinados horários e mediante uma autorização por escrito. Mas isso, não impedia que os policiais invadissem os terreiros, com violência.

Os anos de opressão só terminaram em 1976, quando o então governador da Bahia, Roberto Santos, sancionou um decreto liberando as casas de Candomblé da obtenção de licença e do pagamento de taxas à delegacia de Jogos e Costumes. Com o passar do tempo, a popularidade de Mãe Menininha foi crescendo. Nos anos 80, turistas, políticos, artistas e intelectuais a procuravam em busca de conselhos, orientações ou informações para suas pesquisas.

A ialorixá também recebia as pessoas humildes e sempre oferecia café ou comida aos visitantes, fossem eles pobres ou chefes-de-Estado. Sua aversão à fama não impediu que recebesse diversas homenagens, especialmente de artistas e amigos ilustres. Entre elas, a mais conhecida é a música "Oração a Mãe Menininha", que Dorival Caymmi compôs em 1972.

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u556.jhtm

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Quem é Dalai Lama?

Tenzin Gyatso, Sua Santidade o 14º Dalai Lama, é ao mesmo tempo líder temporal e espiritual do povo tibetano.
Nasceu em 6 de julho de 1935, numa família de camponeses da pequena vila de Taktser, na provincia de Amdo, situada no nordeste do Tibet.
Seu nome era Lhamo Dhondup até o momento em que, com dois anos de idade, Sua Santidade foi reconhecido como sendo a reencarnação de seu predecessor, o 13º Dalai Lama, Thubten Gyatso. Os Dalai Lamas são tidos como manifestações de Avalokiteshvara ou Chenrezig, o Bodhisattva da Compaixão e patrono do Tibet.
Um Bodhisattva é um ser iluminado que adiou sua entrada no nirvana e escolheu renascer para servir à humanidade.

Educação no Tibet

Sua Santidade o Dalai Lama começou sua educação monástica aos seis anos. O currículo consistia de cinco disciplinas maiores e cinco menores. As maiores são: lógica, arte e cultura tibetana, sânscrito, medicina e filosofia budista — e esta por sua vez se compõe de outras cinco categorias: Prajnaparamita, a perfeição da sabedoria; Madhyamika, a filosofia do Caminho do Meio; Vinaya, o cânone da disciplina monástica; Abhidharma, metafísica; e Pramana, lógica e epistemologia. As disciplinas menores são: poesia, música e teatro, astrologia, gramática e sinônimos. Aos 23 anos, fez seu exame final no Templo de Jokhang, em Lhasa, durante o o Festival Anual de Orações Mönlam. Foi aprovado com honras e recebeu o grau de Geshe Lharampa (título máximo, equivalente a um Doutorado em Filosofia 1ista). Em complemento a esses temas budistas, estudou inglês, ciências, geografia e matemática.

Responsabilidades de Líder

Em 1950, com 15 anos de idade, Sua Santidade foi solicitado a assumir a completa responsabilidade política como chefe de estado e de governo, após a invasão chinesa do Tibet. Em 1954, foi a Beijing para tratativas de paz com Mao Tsetung e outros lideres chineses, como Chou En-Lai e Deng Xiaoping. Em 1956, durante visita à Índia para participar das festividades do aniversário de 2500 anos de Buda, esteve presente em uma série de reuniões com Nehru, o Primeiro Ministro Indiano, e o Premiê Chou, sobre a situação do Tibet que se deteriorava rapidamente.
Seus esforços para alcançar uma solução pacífica para o problema sino-tibetano foram frustrados pelas atrocidades da política chinesa, no leste do Tibet, dando origem a um levante popular. Esse movimento de resistência espalhou-se por outras partes do País, e em 10 de Março de 1959, Lhasa, a capital do Tibet, explodiu em um grande levante. As manifestações da resistência tibetana exigiam que a China deixasse o Tibet, reafirmando a sua independência.
Quando a situação se tornou insustentável, pediu-se ao Dalai Lama que saísse do país para continuar no exílio a luta pela libertação. Sua Santidade seguiu para a Índia, que lhe concedeu asilo político, acompanhado de outros oitenta mil refugiados tibetanos. Hoje há mais de 120.000 tibetanos vivendo como refugiados na Índia, Nepal, Butão e no Ocidente. Desde 1960, Sua Santidade reside em Dharamsala, uma pequena cidade no norte da Índia, apropriadamente conhecida como "Pequena Lhasa", por sediar a sede do governo tibetano no exílio.
Desde a invasão chinesa, Sua Santidade apresentou vários recursos às Nações Unidas sobre a questão tibetana. A Assembléia Geral adotou três resoluções sobre o Tibet, em 1959, 1961 e 1965.

Processo de Democratização

Com o estabelecimento do Governo Tibetano no Exílio, Sua Santidade percebeu que a tarefa mais imediata e urgente era lutar pela preservação da cultura tibetana. Fundou 53 assentamentos agrícolas de larga escala para acolher os refugiados; idealizou um sistema educacional tibetano autônomo (existem hoje mais de 80 escolas tibetanas na Índia e Nepal) para oferecer às crianças refugiadas tibetanas pleno conhecimento de sua língua, história, religião e cultura. Em 1959 criou o Instituto Tibetano de Artes Dramáticas; o Instituto Central de Altos Estudos Tibetanos se transformou em uma universidade para os tibetanos na Índia. Sua Santidade inaugurou vários institutos culturais com o propósito de preservar as artes e ciências tibetanas, e ajudou a restabelecer mais de 200 monastérios para preservar a vasta obra de ensinamentos do budismo, a essência do espírito tibetano.
Pelo lado da política, em 1963 Sua Santidade apresentou o esboço de uma constituição democrática para o Tibet, baseada nos princípios budistas e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A nova constituição democrática promulgada como resultado desta reforma foi denominada "Carta dos Tibetanos no Exílio". Essa carta defende a liberdade de expressão, crença, reunião e movimento. Oferece também detalhadas linhas de ação para o funcionamento do governo tibetano no que diz respeito aos que vivem no exílio.
Em 1992, Sua Santidade publicou linhas diretrizes para a constituição de um futuro Tibet livre. Anunciou que o a primeira e imediata tarefa do Tibet libertado será estabelecer um governo interino com a principal responsabilidade de eleger uma Assembléia Constituinte, para criar e implantar uma constituição democrática tibetana. Nesse dia, Sua Santidade transferirá toda a sua autoridade política e histórica para o Presidente interino, passando a viver como um cidadão comum. Ele também afirmou esperar que o Tibet, incluindo suas tradicionais três províncias (U-Tsang, Amdo e Kham), seja federativo e democrático.
Em maio de 1990, as reformas propostas por Sua Santidade deram ensejo à realização de uma administração verdadeiramente democrática para a comunidade tibetana no exílio. O Gabinete tibetano (Kashag), que até então sempre fora indicado por Sua Santidade, foi dissolvido, juntamente com a Décima Assembléia de Deputados do Povo Tibetano (o Parlamento tibetano no exílio). Nesse mesmo ano, tibetanos exilados no subcontinente indiano e em mais de 33 outros países elegeram 46 membros da ampliada 11ª Assembléia Tibetana, numa votação direta. A Assembléia, por sua vez, elegeu os novos membros do Gabinete. Em setembro de 2001, um passo ainda maior para a democratização foi dado quando o eleitorado tibetano elegeu diretamente o Kalon Tripa, ministério-mor do Gabinete, que por sua vez indicou seu próprio Gabinete, a ser aprovado pela Assembléia Tibetana. Na longa história do Tibet, essa foi a primeira vez que o povo elegeu seus líderes políticos.

Iniciativas pela paz

Em setembro de 1987, Sua Santidade propôs o Plano de Paz de Cinco Pontos para o Tibet, como um primeiro passo na direção de uma solução pacífica para a situação que rapidamente se deteriorava no país. Em sua visão, o Tibet se tornaria um santuário, uma zona de paz no coração da Ásia, em que todos os seres sencientes poderiam viver em harmonia, com o delicado equilíbrio ambiental preservado. A China, até o momento, não respondeu positivamente às várias propostas de paz criadas por Sua Santidade.

O Plano de Cinco Pontos

Em seu discurso aos membros do Congresso Americano em Washington, D.C., realizado em 21 de setembro de 1987, Sua Santidade propôs o seguinte plano de paz, composto por cinco pontos básicos:
  1. Transformação de todo o Tibet em uma zona de paz.
  2. Cessação da política chinesa de transferência de população, que ameaça a própria existência dos tibetanos como povo.
  3. Respeito pelos direitos humanos fundamentais dos tibetanos, bem como de suas liberdades democráticas.
  4. Restauração e proteção do ambiente natural tibetano, e o abandono do uso do território tibetano, pela China, para produção de armas nucleares e como depósito de lixo nuclear.
  5. Início de negociações sérias sobre o futuro status do Tibet e das relações entre os povos chinês e tibetano.

Proposta de Estrasburgo

Discursando no Parlamento Europeu de Estrasburgo, na França, em 15 de junho de 1988, Sua Santidade detalhou minuciosamente o último dos Cinco Pontos desse plano de paz. Ele propôs o estabelecimento de conversações entre chineses e tibetanos para a criação de um governo autônomo das três províncias tibetanas, "em associação com a República Popular da China". O governo chinês continuaria sendo responsável pela política exterior e defesa do Tibet.
Para Sua Santidade, essa proposta era "o modo mais realista para se restabelecer uma identidade independente do Tibet e restituir os direitos fundamentais do povo tibetano, conciliando ao mesmo tempo os próprios interesses da China." Enfatizou por outro lado que "qualquer que seja o resultado das negociações com os chineses, o povo tibetano por si mesmo deve ser a autoridade decisória máxima."
Posteriormente, no entanto, em 2 de Setembro de 1991 (Dia da Democracia Tibetana), o Governo do Tibet no exílio declarou que a Proposta de Estrasburgo não estava mais em vigor: "Sua Santidade, o Dalai Lama, deixou bem claro, em sua declaração de 10 de março, que em razão da atitude fechada e negativa da atual liderança chinesa, percebeu que seu compromisso pessoal com as idéias expressas na proposta de Estrasburgo tornou-se sem efeito, e que se não houver novas iniciativas por parte dos Chineses ele se considerará livre de qualquer obrigação com relação a essa proposta. Entretanto, continua firmemente compromissado no caminho da não violência e em encontrar uma solução para a questão tibetana através de negociações e entendimentos. Sob as atuais circunstâncias, Sua Santidade, o Dalai Lama, não mais se sente obrigado ou limitado a manter a Proposta de Estraburgo como uma base para encontrar uma solução pacífica para o problema tibetano."

Contatos Oriente-Ocidente

Desde 1967, Sua Santidade iniciou uma série de viagens que o levaram a 42 países. Em fevereiro de 1990, foi convidado pelo Presidente Vaclav Havel para ir à Tchecoslováquia, onde divulgaram uma declaração conjunta incitando "todos os políticos a desvencilharem-se de restrições e interesses de grupos públicos ou privados e a guiarem suas mentes por sua própria consciência, sentimento e responsabilidade, fundamentados na verdade e na justiça."
Em 1991, encontrou-se com o Presidente dos Estados Unidos da América, George Bush, Neill Kinnock, o lider britânico de opsição, os ministros das Relações Exteriores da França e da Suíça, o Chanceler e Presidente da Áustria, e vários outros membros de governo estrangeiros. Em reuniões com líderes políticos, religiosos, culturais e comerciais, como também em grandes platéias em universidades, igrejas ou centros comunitários, falou de sua crença na união da família humana e da necessidade do desenvolvimento de um senso de responsabilidade universal.
Sua Santidade disse: "Vivemos atualmente em um mundo interdependente. Os problemas de uma Nação não podem ser solucionados muito tempo somente por ela mesma. Sem um senso de responsabilidade universal, nossa sobrevivência está em perigo. Basicamente, responsabilidade universal significa sentir pelo sofrimento de outras pessoas o mesmo que sentimos pelo nosso próprio sofrimento. Eu sempre acreditei num melhor entendimento, numa cooperação mais próxima e num respeito maior entre as várias Nações do mundo. Além disso, sinto que o amor e a compaixão são a tessitura moral para chegar à paz mundial."
Sua Santidade encontrou-se no Vaticano com os papas Paulo VI (em 1973) e João Paulo II (em 1980, 1982, 1986, 1988 e 1990).
Em um encontro com a imprensa em Roma, em 1980, expressou deste modo seu desejo de se encontrar com o Papa João Paulo II: "Vivemos em um período de grandes crises, de desenvolvimentos mundiais turbulentos. Não é possível encontrar paz na alma sem segurança e harmonia entre os povos. Por esta razão, espero ansiosamente por um encontro com o Santo Padre, para trocar idéias e sentimentos, e para ouvir suas sugestões sobre os caminhos para uma pacificação progressiva entre os povos."
Em 1981, Sua Santidade conversou com o Arcebispo de Canterbury, Dr. Robert Runcie, e com outros líderes da Igreja Anglicana em Londres. Ele também se encontrou com lideranças da Igreja Católica e comunidades judaicas, e pronunciou-se em um serviço interreligioso promovido em sua honra pelo Congresso Mundial da Fé. Em Outubro de 1989, durante um diálogo realizado em Dharamsala contando com a presença de oito rabinos e acadêmicos dos Estados Unidos, Sua Santidade enfatizou: "Quando nos tornamos refugiados, sabemos que nossa luta não seria fácil; ela levará muito tempo, gerações. Com freqüência nos referimos ao povo judeu e à forma como ele manteve sua identidade e fé a despeito de tamanha privação e sofrimento. Quando as condições externas amadureceram, ele estava prontos para reconstruir sua nação. Assim, pode-se concluir que há muitas coisas a aprender com os irmãos e irmãs judeus."
Em outro fórum sobre a comunhão de fé e a necessidade de união entre as diferentes religiões, ele afirmou: "Sempre acreditei que é muito melhor termos uma série de religiões e várias filosofias, do que uma única religião ou filosofia. Isto é necessário por causa das disposições mentais diferentes de cada ser humano. Cada religião possui certas idéias ou técnicas características, e aprender sobre elas só pode enriquecer a fé de alguém."

Reconhecimento universal e prêmios

Desde sua primeira visita ao ocidente, em 1973, a reputação de Sua Santidade como acadêmico e homem de paz só fez crescer, incessantemente. Nos últimos anos, um grande número de universidades e instituições em todos o mundo têm lhe conferido Prêmios da Paz e títulos de Doutor Honoris Causa, em reconhecimento pelos seus escritos sobre a filosofia budista e sua liderança a serviço da liberdade, da paz e da não-violência. Um desse títulos, o de Doutor, foi conferido pela Universidade de Seattle, em Washington, EUA.
O seguinte resumo da menção dessa Universidade reflete a estatura de Sua Santidade: "No reino da mente e espírito, o senhor se distinguiu na rigorosa tradição das universidades budistas, alcançando o Grau de Doutor com as mais altas honras, com a idade de 25 anos. No âmbito de assuntos diplomáticos e governamentais, não obstante, o senhor encontrou tempo para lecionar e registrou de forma escrita seus sutis insights sobre filosofia e o significado da vida contemplativa no mundo moderno. Seus livros representam uma contribuição significativa não somente para o vasto corpo de literatura budista, mas também para o diálogo ecumênico entre as grandes religiões mundiais. Sua própria dedicação à vida monástica e contemplativa tem alcançado a admiração não somente por parte dos budistas, mas também dos meditadores cristãos, incluindo o monge Thomas Merton, cuja amizade e conversações com o senhor eram extremamente férteis."
Ao apresentar o Prêmio de Direitos Humanos Congressional Raoul Wallenberg em 1989, o Congressista Americano Tom Lantos disse: "A luta corajosa de Sua Santidade o Dalai Lama o tem distinguido como um líder dos direitos humanos e da paz mundial. Seus esforços contínuos para cessar o sofrimento do povo tibetano através de negociações pacíficas e reconciliação têm exigido dele enorme coragem e sacrifício."

O Prêmio Nobel da Paz de 1989

A decisão do Comitê Norueguês do Prêmio Nobel de conferir à Sua Santidade o Prêmio da Paz ganhou reconhecimento e aplauso mundial. A citação diz: "O Comitê deseja enfatizar o fato de que o Dalai Lama, em sua luta para a liberação do Tibet, constantemente se opõe ao uso da violência. Ele, em vez disto, advoga soluções pacíficas baseadas na tolerância e respeito mútuos para a preservação da herança cultural e histórica de seu povo. O Dalai Lama desenvolveu sua filosofia de paz com uma grande reverência por todas as coisas vivas, e um conceito de responsabilidade universal que envolve toda a humanidade e também a natureza. Na opinião do Comitê, o Dalai Lama vem se conduzindo com propostas construtivas e visionárias para a solução de conflitos internacionais, questões de direitos humanos e problemas ambientais globais."
Em 10 de Dezembro de 1989, Sua Santidade aceitou o prêmio em nome de todos os oprimidos no mundo e daqueles que lutam pela liberdade e trabalham pela paz mundial e pleo povo do Tibet. Em suas considerações, disse: "O prêmio reafirma a nossa convicção de que com a verdade, coragem e determinação como nossas armas, o Tibet será libertado. Nossa luta deve permanecer sem violência e livre de ódio."
Ele também enviou uma mensagem de encorajamento pelo movimento democrático chinês, cuja recente manifestação na Praça da Paz Celestial havia sido alvo de brutal repressão. "Na China, o movimento popular pela democracia foi subjugado pela força bruta, em junho deste ano. Não acredito que as manifestações foram em vão, porque o espírito de liberdade renasceu no povo chinês, e a China não pode escapar do impacto desse espírito, que sopra em muitas partes do mundo. Os corajosos estudantes e seus defensores mostraram à liderança chinesa e ao mundo a face humana daquela grande nação."

Simplesmente um monge budista

Sua Santidade o Dalai Lama freqüentemente diz: "Eu sou simplesmente um monge budista — nem mais nem menos." Ele realmente segue os preceitos da vida de um monge. Vivendo em uma pequena cabana em Dharamsala, levanta-se todos os dias às 4 horas da manhã para meditar, e cumpre uma atribulada agenda de encontros administrativos, audiências particulares, ensinamentos e cerimônias religiosas. Conclui o dia, sempre, com orações. Ao revelar as suas maiores fontes de inspiração, ele normalmente cita seus versos favoritos, encontrados nos escritos do reconhecido santo budista Shantideva:
Enquanto o espaço existir, enquanto seres humanos permanecerem, devo eu também permanecer para dissipar a miséria do mundo.
(Traduzido por Fátima Ricco Lamac e revisado por Arnaldo Bassolli.)

Frases de Dalai Lama

Cerca de 55 frases de dalai lama
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.
Ame profunda e passionalmente. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver o amor completamente.
Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar.
Determinação coragem e auto confiança são fatores decisivos para o sucesso.
Se estamos possuidos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los.
Independentimente das circustancias,devemos ser sempre humildes,recatados e despidos de orgulho.
"Seja a mudança que você quer ver no mundo."
Pouco importa o julgamento dos outros.Os seres são tão contraditórios que é impossivel atender às suas demandas, satisfazê-los. Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro...
Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente
A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância.
Seja a mudança que você quer ver no mundo.
Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e pensar no passado, poderá obter prazer uma segunda vez.
Aprimorar a paciência requer alguém que nos faça mal e nos permita praticar a tolerância.
Creio que a pessoa que teve mais experiência de privações consegue enfrentar problemas com mais firmeza que a pessoa que nunca passou por sofrimento. Portanto, visto por esse ângulo, um pouco de sofrimento pode ser uma boa lição para a vida.
Cultivar estados mentais positivos como a generosidade e a compaixao decididamente conduz a melhor saude mental e a felecidade
· Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para conseguir
"Desenvolver força, coragem e paz interior demanda tempo. Não espere resultados rápidos e imediatos, sob o pretexto de que decidiu mudar. Cada ação que você executa permite que essa decisão se torne efetiva dentro de seu coração."
Ame profunda e passionalmente. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver o amor completamente.
A verdadeira compaixão não consiste em sofrer pelo outro. Se ajudamos uma pessoa que sofre e nos deixamos invadir por seu sofrimento, é que somos ineficazes e estamos tão somente reforçando nosso ego.
Algumas pessoas têm amor por você, outras têm raiva. O que sentem nem sempre depende de seu comportamento. As reações delas às vezes são justas, outras vezes são injustas. Dê sem contabilizar. E esteja atento às necessidades delas.
É engraçado como depositamos tanta confiança e tanto sentimento nas pessoas. Em pessoas que achávamos conhecer, mas, que no fim, só mostraram ser iguais a todos. E por esperar demais, sonhar demais, criar expectativas demais, sempre acabamos nos decepcionando e nos machucando cada vez mais.
Só existem dois dias do ano em que nada pode ser feito, o dia de ontem e o dia de amanhã.
Portanto hoje é o dia certo. Sonhe, acredite e principalmente FAÇA.
http://pensador.uol.com.br/frases_dalai_lama/

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Consumo: Desafio Ético, artigo de Frei Betto

Publicado em junho 2, 2009 por HC

Imagem: Corbis
[EcoDebate] Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos, com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente.
Aquilo me fez refletir: “Qual dos dois modelos produz felicidade?”
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: “Não foi à aula?” Ela respondeu: “Não, tenho aula à tarde”. Comemorei: “Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde”. “Não”, retrucou ela, “tenho tanta coisa de manhã…” “Que tanta coisa?”, perguntei. “Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina”, e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: “Que pena, a Daniela não disse: “Tenho aula de meditação!”
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um super-executivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias!
Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.
Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: “Como estava o defunto?”. “Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!”
Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir- se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega AIDS, não há envolvimento emocional, controla- se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real!
É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.
Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais.
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito.
Televisão, no Brasil – com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é ‘entretenimento’ ; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres:
“Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!” O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde?
Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir!
O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.
Assim, pode-se viver melhor.
Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse. Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.
Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade – a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas…
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista.
Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.
Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno…
Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald’s.
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: “Estou apenas fazendo um passeio socrático.” Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.”
Sugestão:
Vídeo educativo sobre o CONSUMO INSUSTENTÁVEL – A História das Coisas

O CONSUMO INSUSTENTÁVEL – numa linguagem bem simples para entender como nosso modo de vida está aniquilando com o Planeta.
Original produzido nos Estados Unidos: Vídeo: A História das Coisas /The Story of Stuff
* Artigo enviado por Frei Gilvander Moreira, colaborador e articulista do EcoDebate. [www.gilvander.org.br]
[EcoDebate, 02/06/2009]

http://www.ecodebate.com.br/2009/06/02/consumo-desafio-etico-artigo-de-frei-betto/

sábado, 26 de março de 2011

A escolha entre o clube e o caminho - Caio Fábio

Há dois modelos básicos de igreja. Há os chamados para fora... e os chamados para dentro.

Igreja, de acordo com Jesus, é comunhão de dois ou três... em Seu Nome... e em qualquer lugar... E mais: podem ser quaisquer dois ou três... e não apenas um certo tipo de dois ou três... conforme os manequins da religião.

Igreja, de acordo com Jesus, é algo que acontece como encontro com Deus, com o próximo e com a vida... no ‘caminho’ do Caminho.

Prova disso é que o tema igreja aparece no Evangelho quando Jesus e Seus discípulos estavam no ‘caminho’ para Cesareia de Filipe: um lugar ‘pagão’ naqueles dias.

Assim, tem-se o tema igreja tratado no ‘caminho’ e em direção à ‘paganidade’ do mundo.

Para Jesus o lugar onde melhor e mais propriamente se deve buscar o discípulo é nas portas do inferno, no meio do mundo! Não posso conceber, lendo o Evangelho, que Jesus sonhasse com aquilo que depois nós chamamos de ‘igreja’.

Digo isto porque tanto não vejo Jesus tentando criar uma comunidade fixa e fechada, como também não percebo em Seu espírito qualquer interesse nesse tipo de reclusão comunitária.

No Evangelho o que existe em supremacia é a Palavra, que tanto estava encarnada em Jesus como era o centro de Sua ação. No Evangelho nenhuma igreja teria espaço, posto que não acompanharia o ritmo do reino e de seu caminhar hebreu e dinâmico.

Jesus escolhe doze para ensinar... não para que eles fiquem juntos. Ao contrário, a ordem final é para ir... Enfim... são treinado a espalhar sementes, a salgar, a levar amor, a caminhar em bondade, e a sobreviver com dignidade no caminho, com todos os seus perigos e possibilidade (Lc 10).

No caminho há de tudo. Jesus é o Caminho em movimento nos caminhos da existência. E Seus discípulos são acompanhantes sem hierarquia entre eles.

No mais... as multidões..., às quais Jesus organiza apenas uma vez, e isto a fim de multiplicar pães. De resto... elas vem e vão... ficam ou não... voltam ou nunca mais aparecem... gostam ou se escandalizam... maravilham-se ou acham duro o discurso...

Mas Jesus nada faz para mudar isto. Ele apenas segue e ensina a Palavra, enquanto cura os que encontra.

Ao contrário..., vemos Jesus dificultando as coisas muitas vezes, outras mandando o cara para casa, outras dizendo que era preciso deixar tudo, outras convidando a quem não quer ir...; ou mesmo perguntando: Vocês querem ir embora?

Não! Jesus não pretendia que Seus discípulos fossem mais irmãos uns dos outros do que de todos os homens.

Não! Jesus não esperava que o sal da terra se confinasse a quatro dignas e geladas paredes de maldade.

Não! Jesus não deseja tirar ninguém do mundo, da vida, da sociedade, da terra... mas apenas deseja que sejamos livres do mal.

Não! Jesus não disse "Eu sou o Clube, a Doutrina e a Igreja; e ninguém vem ao Pai se não por mim".

Assim, na igreja dos chamados para fora, caminha-se e encontra-se com o irmão de fé e também com o próximo que não tem fé... e todos se trata com amor e simplicidade.

Em Jesus não há qualquer tentativa de criar um ambiente protegido e de reclusão; e nem tampouco a intenção de criar uma democracia espiritual, na qual a média dos pensamentos seja a lei relacional.

Em Jesus o discípulo é apenas um homem que ganhou o entendimento do Reino e vive como seu cidadão, não numa ‘comunidade paralela’, mas no mundo real.

Na igreja de Jesus cada um diz se é ou não é...; e ninguém tem o poder de dizer diferente... Afinal, por que a parábola do Joio e do Trigo não teria valor na ‘igreja’? Na igreja de Jesus... pode-se ir e vir... entrar e sair... e sempre encontrar pastagem.

O outro modo de ser igreja é, todavia, aquele que prevaleceu na história. Nele as pessoas são chamadas para dentro, para deixar o mundo, para só considerarem ‘irmãos’ os membros do ‘clube santo’, e a não buscarem relacionamentos fora de tal ambiente.

A comunidade de Jerusalém tentou viver assim e adoeceu!

Claro!

Quem fica sadio vivendo num mundo tão uniforme e clonado?

Quem fica sadio não conhecendo a variedade da condição humana?

Quem fica sadio se apenas existe numa pequena câmara de repetições humanas viciadas?

Sim, quem pode preservar um mínimo de identidade vivendo em tais circunstâncias? Nesse sapatinho de japonesa?

É obvio que os discípulos precisam se reunir..., e juntos devem ter prazer em aprender a Palavra e crescer em fé e ajuda mutua. Todavia, tal ajuntamento é apenas uma estação do caminho, não o seu projeto; é um oásis, não o objetivo da jornada; é um tempo, não é o tempo todo; é uma ajuda, não é a vida.

De minha parte quero apenas ver os discípulos de Jesus crescendo em entendimento e vida com Deus, em amizade e respeito uns para com os outros, em saúde relacional na vida, e com liberdade de escolha, conforme a consciência de cada um.

O ‘ajuntamento’ que chamamos igreja deve ser apenas esse encontro, essa estação, esse lugar de bom animo e adoração.

O ideal é que tais encontros gerem amizade clara e livre, e que pela amizade as pessoas se ajudem; mas não apenas em razão de um certo espírito maçônico-comunitário, conforme se vê... ou porque se deu alguma contribuição financeira no lugar.

A verdadeira igreja não tem sócios... Tem apenas gente boa de Deus... e que se reúne e ajuda a manter a tudo aquilo que promove a Palavra na Terra.

Tenho pavor de comunidades!

Elas são ameninantes para a alma, geram vilas de doenças, produzem inibição dos processos de individuação, e tornam os homens eternos imaturos... sempre com medo do mundo e da vida.

Sem falar que em todo mundo muito pequeno, como o da ‘comunidade’, as doenças tendem a aumentar... e a ganhar caras e contornos de perversidade travestida de piedade...

É o que eu chamo de peidade!

Fica todo mundo querendo se meter onde não foi chamado... É um inferno!

No ‘Caminho da Graça’ estou tentando levar as pessoas a esse entendimento e a essa maturidade, e não tenho nenhuma outra vontade interior de fazer daquilo mais uma ‘igreja’.

Quero ver pessoas que sejam ‘gente boa de Deus’; gente descomplicada e desviciada de ‘igreja’; gente que aprenda o bem do Evangelho primeiro para si e em si mesmas..., e apenas depois para fora...

Portanto, não se trata de um movimento ‘sacerdotal’, intimista e fechado; mas sim de um andar profético, aberto e continuo...

Lá não se busca a média da compreensão... Ao contrário, lá se força a compreensão...

Lá só fica quem realmente quer... e não tento jamais dissuadir ninguém ao contrario de sua vontade.

Não há complicação. Tudo é muito simples.

E quem não achar que serve, está sempre livre a achar o que lhe agrada em qualquer lugar.

Ou não foi assim que Jesus tratou a tudo no caminho?

A escolha que se tem que fazer é essa: ou se quer uma ‘comunidade’ que existe em função de si mesma, e para dentro; ou se tem um ‘caminho de discípulos’, e que se encontram, mas que não fazem do encontro a razão de ser da vida.

A meu ver, no dia em que prevalecer o modelo do ‘caminho’, conforme Jesus no Evangelho, a vida vai arrebentar em flores e frutos entre nós e no mundo à nossa volta; e as pessoas serão sempre muito mais humanas, descomplicadas e sadias... Mas se continuar a prevalecer o modelo ‘comunitário de Jerusalém’... que de Jerusalém tem apenas o intimismo e o espírito sectário... não se terá jamais nada além do que se teve nesses últimos dois mil anos; ou seja: esse lugar de doentes presunçosos a que chamamos de ‘igreja’.

Para isto... para esta coisa... não tenho mais nenhuma energia para doar. Mas para a vida como caminho, ofereço meu coração mais jovem do que nunca.

Caio
Julho de 2005
Academia de Tênis
Brasília
http://www.caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=02361

terça-feira, 22 de março de 2011

A espiritualidade na construção da paz - Leonardo Boff


Todos os fatores e práticas nos distintos setores da vida pessoal e social devem contribuir para a construção da paz  tão ansiada nos dias atuais. Os esforços seriam incompletos se não incluíssemos a perspectiva da espiritualidade.

A espiritualidade é aquela dimensão em nós que responde pelas derradeiras questões que sempre acompanham nossas indagações: De onde viemos? Para onde vamos? Qual o sentido do universo? Que podemos esperar para além desta vida?

As religiões costumam responder a tais indagações. Mas elas não detém o monopólio da espiritualidade. Esta é um dado antropológico de base como é a vontade, o poder e a libido. Ela emerge quando nos sentimos parte de um Todo maior. É mais que a razão, é um sentimento oceânico de que uma Energia amorosa origina e sustenta o universo e cada um de nós.

No processo evolutivo de onde viemos, irrompeu, um dia, a consciência humana. Há um momento nesta consciência em que ela se dá conta de que as coisas não estão jogadas aleatoriamente ou justapostas, ao léu, umas às outras. Ela intui que um "Fio Condutor"  as perpassa, liga e re-liga.

As estrelas que nos fascinam nas noites quentes do verão tropical, a floresta amazônica na sua majestade e imensidão, os grandes rios como o Amazonas chamado como razão de rio-mar, a profussão de vida nas  campinas, o vozerio sinfônico dos pássaros na mata, a multiplicidade das culturas e dos rostos humanos, a misteriosidade dos olhos de um recém-nascido, o milagre do amor entre duas pessoas apaixonadas, tudo isso nos revela quão diverso e uno é o nosso mundo universo.

A este "Fio Condutor" os seres humanos chamaram por mil nomes, de Tao, de Shiva, de Alá, de Javé, de Olorum e de outros mais. Tudo se resume na palavra Deus. Quando se pronuncia com reverência este nome algo se move dentro do cérebro e do coração. Neurólogos e neurolinguistas  identificaram o “ponto Deus” no cérebro. É aquele ponto que faz subir a frequência hertz dos neurônios como se tivesse recebido um impulso. Isto significa que no processo evolutivo surgiu um órgão interior pelo qual o ser humano capta a presença de Deus dentro do universo. Evidentemente, Deus não está apenas neste ponto do cérebro, mas em toda a vida e no inteiro universo. Entretanto, é a partir daquele ponto que nos habilitamos a captá-lo. Mais ainda. Somos capazes de dialogar com Ele, de elevar-lhe nossos súplicas, de render-lhe homenagem e de agradecer-lhe pelo dom da existência. Outras vezes, nada dizemos, apenas O sentimos silenciosos e contemplativos. É então que nosso coração se dilata às dimensões do universo e nos sentimos grandes como Deus ou percebemos que Deus se faz pequeno como nós. Trata-se de uma experiência de não-dualidade, de imersão no mistério sem nome, da fusão da amada com o Amado.

Espiritualidade não é apenas saber mas principalmente  poder sentir tais dimensões do humano radical. O efeito é uma profunda e suave paz, paz que vem do Profundo.

Desta paz espiritual a humanidade precisa com urgência. Ela é a fonte secreta que alimenta a paz cotidiana em todas as suas formas. Ela irrompe de dentro, irradia em todas as direções, qualifica as relações e toca  o coração íntimo das pessoas de boa-vontade. Essa paz é feita de reverência, de respeito, de tolerância, de compreensão benevolente das limitações dos outros  e da acolhida do Mistério do mundo. Ela alimenta o amor, o cuidado, a vontade de acolher e de ser acolhido, de compreender e de ser compreendido, de perdoar e de ser perdoado.

Num mundo conturbado como o nosso, nada há de mais sensato e nobre do que ancorar nossa busca da paz nesta dimensão espiritual.

Então a paz poderá florescer na Mãe Terra, na imensa comunidade de vida, nas relações entre as culturas e os povos e aquietará o coração humano, cansado de tanto buscar.
Leonardo Boff. Teólogo, filósofo e escritor, autor de Opção-Terra, a solução da Terra não cai do céu.

http://www.triplov.com/boff/2010/espiritualidade.htm

domingo, 20 de março de 2011

Kitábu e Adinkra: livros sobre filosofia e espiritualidade africana


Kitábu é uma obra completa e pioneira, pois contém toda a base teórica para compreensão da espiritualidade africana. Nei Lopes, militante da causa afro-descendente, compilou e organizou, em formato bíblico, textos sagrados, filosóficos e históricos da tradição africana. Na primeira parte, o autor focaliza as tradições e os saberes das antigas regiões africanas do Congo, Uângara, Takrur e Senegâmbia, Etiópia e Zambézia. A segunda parte do livro abrange Brasil, Caribe, Suriname e Estados Unidos, com base em suas raízes africanas.
Livro de Nei Lopes
Editora Senac
R$ 48,00

Adinkra vem em boa hora destacar o universo filosófico e estético asante que se tornou patrimônio do país de Gana e que depois viajou ao outro lado do mundo. Ao reunirem os símbolos adinkra, os organizadores deste volume nos propiciaram um recurso exemplar que muito contribuirá para fertilizar o terreno da consciência sobre as cosmovisões da África continental e o seu significado para o Brasil e para as sociedades do hemisfério americano. Em português, inglês, francês e espanhol.

Livro de Elisa Larkin Nascimento | Luiz Carlos Gá
Editora: Pallas
R$ 35,00

sábado, 19 de março de 2011

O que é espiritualidade? / What is spirituality? / ¿Qué es la espiritualidad? - Irenio Silveira Chaves

O tema é recente. Mas nem tanto assim. Já foi tratado como religiosidade. Já esteve ligado ao esoterismo. Já foi coisa de fanático. Hoje, está relacionado a tudo o que diz respeito às formas do cuidado de si, ao modo como o sujeito se constitui.
Não é um tema que fascina ao cristianismo, por assim dizer. Tanto que pouco se fala em uma espiritualidade cristã. Mas, se há uma religião que pode tratar da questão da espiritualidade, é o cristianismo. Em outra época, esse tema era chamado entre os cristãos de santidade, discipulado, maturidade. Termos não muito aplicados a uma sociedade a-religiosa, pra usar um termo de Bonhoeffer.
Para a filosofia contemporânea, o ser humano é autotranscendente e expressa essa condição através de formas simbólicas. A religião é resultado disso. Para pôr ordem o modo de entender o mundo, o dividimos em dois: o sagrado e o profano. A maneira como nos relacionamos com o sagrado são da esfera da espiritualidade.
Mas você pode argumentar: a sociedade atual abriu mão do sobrenatural e se caracteriza hoje como uma sociedade secularizada. Pare para pensar sobre o modo como tratamos determinados assuntos. A maneira como organizamos e atribuimos valor nas nossas relações entre o público e o privado, a maneira como sacralizamos a nossa privacidade ou os nossos relacionamentos mais íntimos, o modo como tratamos com bom humor os obstáculos e barreiras que se apresentam em nossa carreira, o valor que atribuímos à noção de verdade, justiça, dignidade.
A verdade é que a espiritualidade contemporânea aponta para uma ética. Diria até que essa ética está relacionada a uma estética da existência, à maneira como manifesto o meu modo de ser para os outros.
Por isso que o tema da espiritualidade é tão relevante para hoje, porque diz respeito ao modo como nos constituímos como pessoas, ao modo como pensamos a nossa realidade, ao modo como atribuímos valor às coisas com as quais nos relacionamos.
Espiritualidade é, portanto, uma expressão humana, é uma atitude frente aos conflitos inerentes à própria condição humana. E está mais presente em nosso dia-a-dia do que podemos imaginar. Esse foi um assunto que interessou a Jesus Cristo. Ele deixou ensinamentos sobre como pôr em ordem o nosso mundo interior e como encarar o conflito da condição humana de maneira inovadora, que valem para hoje.
Para finalizar, diria que a espiritualidade tem a ver com a necessidade que sentimos de ser feliz, de encontrar o sucesso e a realização plena. Se é isso que você procura, continue essa caminhada com a gente.
http://filosofiaeespiritualidade.blogspot.com/2007/09/o-que-espiritualidade.html

Apresentando a ACEL - Associação dos Conselheiros Espirituais de Limeira.

Estamos criando este blog para ser o porta voz da ACEL - Associação dos Conselheiros Espirituais de Limeira. Limeira está localizada no Estado de São Paulo, Brasil.

A ACEL tem como propósito reunir conselheiros espirituais de Limeira e de outras regiões do Brasil e do planeta, independente da tendência filosófica, religiosa ou espiritual.
 Para fazer parte da ACEL não é necessário estar ligado a nenhuma associação religiosa (igreja, templo, barracão, terreiro, tenda, sinagoga, etc), .
Este blog quer ser um espaço de troca de idéias e de experiências para todos aqueles que valorizam a espiritualidade e procuram aconselhar espiritualmente.

 
Contamos com a colaboração e apoio de todos.

José Benedito de Barros
Proponente da Associação e do blog.

Blog da Acel: http://www.acel-limeira.blogspot.com
Email da Acel: acel.limeira@gmail.com